domingo, 1 de março de 2009

NO VÓRTICE DO VÔO DERRADEIRO*

Sobre verdes e pardos campos planavas
Em vôos ávidos de juventude, ternura e luz
No exercitar das asas e no dourado das vagas
Até que um dia roubaram o que em ti reluz.

Foi numa manhã em que feliz em gorjeio
Saíste cortando o azul, tingindo o horizonte.
De repente um silvo escravo arrancou-te de cheio
Ao te servir falsa asa rumo ao distante.

Foste atráido à cilada feito Ícaro iludido
Pousaste à beira de um alçapão e caíste
Terminando tendo o que antes nunca havia tido:

Sensação de andante e não mais asa e silvo
Tudo passou a ser segunda-feira e alpiste
E uma mágoa em teu peito tornou-se jazigo.

-------------------------------------------------------
Inspirado em chocantes cenas que presenciei em Teresina, ao lado do Museu do Piauí, um mercado de pássaros em que até tucano se encontra. Nunca vi tanta violência aos pássaros, tanta crueldade e tanta segurança nos praticantes desse ato vil. Não aos pássaros engaiolados!

César William

Um comentário:

  1. Um poema tem que ser lido e comparado à inspiração, e é neste exato momento que abrimos os olhos para deslumbrar os sentidos e saborear uma bela poesia.

    ResponderExcluir